Covid-19 põe em xeque o EaD
O censo da educação superior de 2018 indica que há mais de 1 milhão e 800 mil alunos estudando a distância no Brasil. São 243 instituições de ensino ofertando essa possibilidade. A curva de crescimento é tão visível a ponto de, ainda em 2018, o número de vagas ofertadas em EaD já ter sido maior aos cursos presenciais. Não tem alternativa: a quantidade de pessoas desejando essa modalidade vai aumentar.
O EaD foi regulamentado no nosso país em 2006. De lá para cá, muita coisa mudou tanto para quem consome como para quem oferta. O estudante está mais conectado, atento e exigindo plataformas que aproveitem tudo que um curso pode oferecer de melhor. As instituições de ensino, por sua vez, estão entendendo que o digital é um caminho sem volta, onde não só a reclamação do estudante é percebida, como a concorrência é infinitamente maior e muitas das vezes mais qualificada. A grande maioria do corpo docente, que também faz parte desse ecossistema, está percebendo que a maneira de lecionar mudou. Não entrar nessa estrada vai fazer, mais cedo ou mais tarde, a viagem ser interrompida.
A crise gerada pela pandemia Covid-19 fez com que diversas universidades norte-americanas, como as prestigiadas Harvard e Princeton, por exemplo, determinassem que todas as aulas serão a distância. Evidente que a necessária precaução está separando quem está preparado e quem precisa abrir os olhos para as mudanças do universo educacional. Esperamos que aqui no Brasil a pandemia não se alastre da mesma forma que na Itália, na China ou até nos Estados Unidos, mas independente disso é um momento oportuno de olharmos o nosso negócio e nos questionarmos se estamos prontos para o que já somos cobrados.
Pensar EaD não é simplesmente oferecer vídeos, chats com os professores ou materiais no e-mail. “Eu tenho até aplicativo”, alguns defendem. Pensar o ensino a distância é mudar o mindset da cadeia educacional do começo ao fim, entendendo que o aprendizado através do mundo digital tem seu próprio DNA. Os puxadinhos ficam evidentes. As adaptações fragilizam as trocas de saberes impactando no desenvolvimento do estudante, na capacidade do professor em participar do processo e, não raramente, aumentando a evasão.
A Semesp, entidade das mantenedoras de ensino superior, colabora com dados para o cenário que acabei de escrever: segundo estudos recentes, de 2016 para 2017, quase 120 mil alunos migraram do presencial para o digital. A taxa de desistência no online é bem maior. A infidelidade também. O preço é um atrativo, mas não reina sozinho. O estudante quer mensalidade mais barata, entretanto a qualidade e a inovação precisam ser sentidas. Outros fatores que devemos colocar no nosso radar de ações são o estímulo às habilidades socioemocionais, a efetiva criação de networking, o acompanhamento pedagógico dos estudantes e a conexão diária com os desafios de um mercado de trabalho competitivo.
O Covid-19 é uma lástima, mas façamos da “queda um passo de dança”, como diria o escritor mineiro Fernando Sabino. Um tremor tão grande por vezes acelera nossa caminhada e nos faz sair dos inúmeros quadrados. A epidemia pode doer o que for, mas vai passar, tal qual tantas outras no curso da história da humanidade. O EaD não. O EaD veio para ficar.
Escrito por Rodolfo Bertolini.
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