É preciso levar a lógica da abundância para a educação



Assim como o mercado de transporte, hoteleiro e até mesmo o financeiro, a área da educação também está passando por mudanças disruptivas que vão impactar a sua vida
Você marca um encontro pelo Tinder, paga o jantar com seu cartão do Nubank, volta para casa de Uber e já imagina uma viagem a dois pelo Airbnb. O que essa trama romântica tem a ver com as mudanças que a educação precisa encarar? Tudo.
Se vivemos transformações sociais, econômicas e tecnológicas, é preciso, também, fazê-las chegar às salas de aula.
A chave para entender esse processo está na transição da lógica da escassez para a lógica da abundância.
Mas o que isso significa?
Seus pais, e até mesmo você, são capazes de lembrar da época em que a única opção de hospedagem durante uma viagem era um hotel. O jogo da “adedonha” também ficava mais difícil quando não vinham à mente vários modelos de carros com a letra escolhida.
Só que o mundo mudou e a escassez deu lugar à abundância, o que gerou um volume maior de consumo. A economia mais flexível levou à diminuição dos custos e a comportamentos inclusivos, refletidos no surgimento de negócios circulares, colaborativos e compartilhados. Se é assim, porque não colaborar, compartilhar e reunir mentes diversas para mais potência na busca pelo conhecimento?
Geração flux está ditando as regras
Por que pagar por uma diária de hotel se você pode alugar o meu apartamento?
Pensamentos como esse orientam a geração flux, que está imersa em conexões tecnológicas. Essa geração mais fluida e menos centralizada — características incentivadas pelas redes sociais — consegue perceber o poder da conectividade e usá-la para transformar as relações e os serviços.
No caminho de casa até a sala de aula, o estudante dessa geração conversa pelo WhatsApp, Instagram e Facebook. Caso precise saber de algo, busca uma informação no Google e consegue se conectar com pessoas para aprimorar o seu conhecimento.
No entanto, quando esse aluno chega ao local de aprendizagem, se depara com carteiras individuais, ausência de recursos tecnológicos e com o conhecimento centralizado no professor. Esse é um dos sinais de que a realidade dentro das salas de aula é oposta ao que acontece fora delas.
Então, qual é a solução?
O placar muda quando as instituições de ensino estão adaptadas ao mundo moderno, com cursos dinâmicos, ambientes tecnológicos e colaborativos. Isso pressupõe implodir o modelo tradicional de aprendizagem, que hoje se baseia em aulas expositivas, cursos divididos por disciplinas, provas e carteiras enfileiradas. E não param por aí.
Das mudanças na metodologia e da inovação em busca da resposta para qual é ou quais são o, ou os modelos de educação que permitirão formar os estudantes que saberão fazer, é preciso aplicar o olhar de aprendizagem para a vida toda também nas instituições. Ainda, orientá-las pela agilidade no lidar com as transformações, que terão que acompanhar as demandas deste século.
Essas mudanças vão ao encontro da essência do processo de aprendizado, que está centrado em um tripé: conteúdo, incentivo e interação. Acontece quando o aluno tem acesso aos materiais, quando ele recebe os incentivos necessários e quando troca com outro estudante, com ganhos para além do desenvolvimento acadêmico.
O método tradicional, por sua vez, é 100% focado no conteúdo. Não há uma dedicação de tempo para descobrir o que o aluno deseja aprender e nem para colocá-lo em situação de colaboração permanente.
Já para o professor, é hora de assumir funções de mediação, supervisão e orientação. O docente passa a construir, olho no olho, o conhecimento junto ao aluno e incentiva sua autonomia para que ele faça suas próprias reflexões e conexões em relação aos fatos e conteúdos — desafio também para a formação de professores.
Reflexos no mercado de trabalho
Quando distante do novo cenário de aprendizagem, o estudante destoa das exigências do mercado de trabalho. O Fórum Econômico Mundial de 2016 apontou que, até 2020, 35% das habilidades mais demandadas para a maioria das ocupações devem mudar. Entre as principais, estão a resolução de problemas complexos, o pensamento crítico, a criatividade e a capacidade de julgamento e de tomada de decisões, ou seja, exigência cada vez maior pelo desenvolvimento de competências para saber fazer. E, muito em breve, como aplicar o conhecimento na resolução de novos problemas, que sequer existem atualmente.
Tem sido cada vez mais comum as escolas e faculdades encararem seus espaços como algo à parte do nosso cotidiano. A resposta está no clássico de John Dewey, Democracia e Educação:
“A educação não é preparação para a vida; a educação é a própria vida”
A obra em questão é datada de 1916, mas sua célebre frase tem se provado resistente ao tempo.
Cada vez mais, a atitude de encarar a educação como algo escrito em pedra — irrefutável e estabelecido — a torna impossível de ser mudada, revista e transformada.
Entretanto, a vida é uma constante adaptação. Render-se a uma educação com ares de produto imutável é abandonar o conhecimento: combustível necessário que nos move a mudar o mundo. E se ainda não existe resposta para o que é a educação do futuro, trabalhemos para evoluir e nos adaptar ao presente, em um processo colaborativo que potencializa a inovação e traz diversidade de referências, saberes, questionamentos e novas alternativas.
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