Educação Superior – Um ecossistema ameaçado

Educação Superior – Um ecossistema ameaçado

O ecossistema de educação universitária está ameaçado: as pequenas e médias instituições privadas de ensino superior presencial com até 3.000 alunos estão sentindo o peso dos novos tempos. Transformação digital, pandemia, concentração, falta de portfólio e altos custos de produção de material didático são alguns dos motivos.

As pequenas e médias universidades já representaram 63% do total de Instituições de Ensino Superior no Brasil. Essas que, em 2013, possuíam cerca de 835 mil de alunos matriculados, representando 15% dos universitários distribuídos por todo território nacional, em 2019, passaram a representar 54% das instituições e apenas 13% dos universitários.

A base de alunos em 2013, nas instituições particulares, era de 5,463 milhões. Entretanto, em 2019, esse número passou para 6,521 milhões, mostrando um crescimento de 19%. Enquanto isso, nas IES de até 3 mil estudantes, houve uma queda de 2% de 835 mil em 2013, para 819 em 2019. Outro fato relevante foi o crescimento da educação a distância: saímos de 18,55% em 2013 com 1 milhão de estudantes para 2,3 milhões, ou seja, 35,12% da base. Nossa projeção é para que essa discrepância seja invertida, aumentando o percentual da educação digital para 65% e do presencial para 35% até 2024.

Sendo assim, pequenas e médias Instituições de Ensino Superior não possuem a liberdade de abertura de cursos novos nem de aumento de vagas, além de dependerem de um processo longo e trabalhoso de solicitação e espera de autorização junto ao MEC. Que pouco mudou de lá para cá.

Isoladas em seus respectivos contextos locais, as pequenas e médias Instituições não se utilizam das melhores práticas de gestão e não possuem ferramentas de inclusão em redes efetivas da sociedade do conhecimento que lhes agreguem valor real. Além disso, essas organizações não desenvolveram indicadores nos quais consiguissem medir o seu desempenho de qualidade e realizar uma comparação efetiva com os outros componentes do sistema.

Dessa forma, essas não sabem exatamente onde atuar para garantir a melhoria ou a continuidade da qualidade do seu trabalho, desperdiçando o que poderia ser um dos seus grandes diferenciais: a agilidade de intervenção rápida na correção dos problemas.

As pequenas e médias instituições, salvo honrosas exceções, ficaram à parte deste processo, resultando em um grave problema econômico e social.

Isso assume uma gravidade maior, uma vez que o estudo aponta que as instituições contribuem significativamente para as cidades e localidades onde estão instaladas.

A conclusão mapeada através de metodologia comparativa aponta que o Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a renda per capita e também o percentual de ocupados é consideravelmente maior nas cidades que têm pequenas e médias instituições de ensino superior.

Ademais, existindo na sociedade do conhecimento, abrir mão da diversidade em um sistema, não é uma opção inteligente. É necessário que os mantenedores das pequenas e médias IES deem um passo na direção da construção de um modelo alternativo.

Operar em redes colaborativas para encontrar soluções e oportunidades de melhoria e perpetuação de seus negócios pode ser uma boa saída. O melhor é que tudo isto pode e deve ser feito sem que se abra mão das suas identidades.

Precisamos olhar com carinho sobre esse tema.

O que pode acontecer com o mercado de educação se as IES de pequeno e médio porte não conseguirem ficar de pé sem um produto de educação digital competitivo?

Artigo por: Rodolfo Bertolini e Alexandre Mathias – Sócios da Liga Educacional

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