O alarmante cenário educacional da pandemia
O relatório “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil”, publicado pela Unicef em abril de 2021, mostra os impactos da pandemia na exclusão escolar e também o que pode ser feito para reverter essa situação. Desdobraremos, nesse artigo, alguns dados e gráficos importantes que constam no relatório.
Em novembro de 2020, o relatório constata que 5.075.294 de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos estavam fora da escola ou sem atividades escolares, o que corresponde a 13,9% dessa parcela da população em todo o Brasil. Também é indicado que os maiores percentuais de crianças e adolescentes fora da escola se verificam nas regiões Norte e Nordeste.
Vemos, no gráfico abaixo, que o aumento significativo na incidência de crianças e adolescentes fora da escola ou sem atividades escolares ao final do ano de 2020 ocorreu na faixa etária de 6 a 10 anos. Em 2019, nessa mesma faixa, era menor o percentual de crianças nessa condição.
O gráfico abaixo destaca que as crianças entre 6 e 10 anos que vivem nas áreas rurais das regiões Norte e Nordeste são as mais atingidas pela exclusão escolar durante a pandemia. Houve também uma inversão da exclusão escolar de crianças de 6 a 10 nas regiões mais ricas do país (Sudeste, Sul e Centro-Oeste), onde as populações em áreas urbanas são proporcionalmente as mais atingidas.
A situação verificada entre as crianças que têm de 11 a 14 anos se mantém nas áreas rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No ensino médio, adolescentes entre 15 e 17 anos vivendo em áreas rurais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste estão, proporcionalmente, mais fora da escola do que as (os) que vivem em áreas urbanas nessas regiões.
A Região Norte possui os estados brasileiros que apresentam os maiores percentuais da exclusão escolar em relação ao total da população entre 6 e 17 anos. Roraima, Amapá, Pará e Amazonas, têm percentuais superiores a 30%. Na Região Norte, o Acre se junta a Bahia, Sergipe, na Região Nordeste, com percentuais acima de 20%. O gráfico abaixo mostra que a distribuição de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos por sexo confirma a maior exclusão escolar dos meninos quanto mais eles avançam na idade.
Crianças e adolescentes pretas(os), pardas(os) e indígenas são a maioria dentre as (os) excluídos da escola durante o ano letivo de 2020.
Recomendações do relatório da UNICEF para o problema da exclusão escolar
A Pnad-Covid 2020 estima que 5.075.294 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos declararam não frequentar a escola ou que a frequentavam mas não tiveram atividades escolares disponibilizadas na semana que antecedeu a publicação do relatório.
As recomendações apresentadas no relatório da Unicef visam contribuir para a tomada de decisão de gestores e profissionais da educação bem como de outras áreas que atuam na garantia de direitos de crianças e adolescentes. São essas:
- Busca ativa de crianças e adolescentes que estão fora da escola.
A primeira recomendação é a busca ativa de crianças e adolescentes que estão fora da escola, encontrando cada um desses mais de 5 milhões de crianças e adolescentes que não conseguiram se manter aprendendo durante a pandemia.
Uma vez identificadas essas crianças e adolescentes, afirma-se que é preciso entrar em contato com elas(es) e com suas famílias, entender as motivações e atuar de forma intersetorial para sanar desafios e possibilitar o início ou o retorno à escolarização.
- Comunicação comunitária.
A organização de campanhas públicas para a realização de matrícula a qualquer momento do ano letivo, com a utilização de mídias como o rádio, a TV e as redes sociais também é uma recomendação feita pela Unicef.
- Garantir acesso à internet.
O relatório cita a importância de garantir o acesso à internet, mencionando que uma pesquisa realizada pela Undime informa que 48,7% das redes municipais de ensino registraram muita dificuldade para o acesso de estudantes à internet e 24,1% para o acesso de docentes. Ainda soma-se que a maioria das redes informa o uso de materiais impressos e orientações via WhatsApp para a manutenção dos vínculos de estudantes com as escolas apesar de 74,1% das redes municipais declararem ter realizado formação para docentes sobre o uso de tecnologias para o ensino remoto.
- Mobilizar as escolas.
O relatório ressalta que os dirigentes escolares, docentes e técnicas(os) das secretarias municipais e estaduais responsáveis pelo acompanhamento das escolas precisam ser apoiados para realizar de forma eficaz o acompanhamento das trajetórias das(os) estudantes.
É acrescentado que todas(os) as(os) profissionais das escolas precisam estar comprometidas(os) com a inclusão escolar, seja pelo acolhimento de matrículas ao longo do ano letivo, seja na organização curricular para receber estudantes que iniciam ou retornam às atividades escolares em diferentes momentos.
- Fortalecimento do sistema de garantia de direitos.
A Unicef fala sobre a importância de ampliar as políticas públicas de proteção integral às crianças e aos adolescentes e também as de transferência de renda. Medidas de proteção contra a violência doméstica também são importantes, já que ela recai com mais intensidade em crianças e adolescentes durante esse momento.
O documento também expõe ser fundamental acolher e combater as discriminações das populações negra, indígena, LGBT e garantir a elas a possibilidade de serem como são, impedindo que a cor, a classe ou o gênero sejam critérios subliminares e estruturais para a manutenção das desigualdades e para a exclusão de parcelas da população ao direito à educação.
-
Rodolfo Bertolini 19/08/2024
Aviso Importante
-
Alexandre Mathias 16/09/2022
Os principais pilares da estrutura educacional no ensino superior
-
Fillip Restier 09/09/2022
5 soluções para acelerar o crescimento da sua IES
-
Nathalia Simonetti 26/08/2022
O Desenvolvimento de Soft Skills como Estratégia para a Competitividade no Ensino Superior